Milhões de brasileiros têm dinheiro esquecido em contas antigas — e agora ele pode cair direto na sua conta, sem que você precise fazer nada. Desde maio, quem ativa a nova funcionalidade de solicitação automática no Sistema de Valores a Receber (SVR), do Banco Central, não precisa mais acessar o sistema, consultar periodicamente nem solicitar o resgate manualmente. Se houver algo a receber, o valor é transferido automaticamente para a conta vinculada à sua chave Pix do tipo CPF.
O SVR é a plataforma oficial que permite a pessoas físicas e jurídicas consultarem se têm valores esquecidos em instituições financeiras. Esses valores podem incluir saldos de contas encerradas, cotas de consórcios antigos, tarifas cobradas indevidamente, parcelas de crédito pagas a mais, entre outros. A consulta é feita exclusivamente pelo site valoresareceber.bcb.gov.br.
Antes dessa mudança, o processo exigia atenção e algum hábito do usuário. Era necessário acessar o sistema, fazer login com uma conta gov.br (nível prata ou ouro), verificar se havia valores disponíveis e solicitar o crédito manualmente. Com a solicitação automática ativada — funcionalidade opcional, disponível apenas para pessoas físicas com chave Pix do tipo CPF — qualquer valor futuro identificado em seu nome será creditado diretamente na sua conta, sem necessidade de nenhuma ação.
A nova funcionalidade reduz fricção, evita o esquecimento e facilita o resgate de valores que, muitas vezes, não eram buscados por simples falta de tempo ou de informação. Para muitos, trata-se de pequenos montantes deixados para trás, mas que, no contexto certo, podem fazer diferença no orçamento.
A maioria dos brasileiros vive com o orçamento apertado. E mesmo R$ 20, R$ 200 ou um valor maior, quando aparece, pode ser a oportunidade de aliviar uma dívida, reforçar uma reserva ou, se mal administrado, virar apenas consumo por impulso.
A recomendação é priorizar o uso desse recurso na seguinte ordem:
- Quitar dívidas caras primeiro: juros compostos jogam contra você, especialmente no crédito rotativo ou no cheque especial.
- Fortalecer sua reserva de emergência: a maioria ainda vive sem esse colchão de segurança — e isso cobra um preço alto nos imprevistos.
- Investir com estratégia: pensar no médio e longo prazo é o que constrói patrimônio de verdade, mesmo com valores menores.
Recursos que entram automaticamente também podem sair com a mesma facilidade — se você não tiver um plano.
Outro ponto essencial: segurança. Com a maior visibilidade do SVR, crescem também as tentativas de golpe. O Banco Central não envia links, não cobra taxas e não pede dados pessoais por mensagem. Toda consulta e adesão devem ser feitas exclusivamente pelo site oficial. Se algo parecer estranho, provavelmente é.
A funcionalidade automática do SVR é um ganho para o cidadão. Elimina barreiras, simplifica o processo e garante que o dinheiro esquecido volte para quem é de direito. Automatizar é ótimo. Usar esse dinheiro com inteligência, mais ainda.
Carlos Castro, planejador financeiro pessoal, CEO e sócio-fundador da SuperRico.